A aposentadoria é um momento crucial na vida de todo trabalhador brasileiro, e planejar esse momento com antecedência pode fazer toda a diferença para garantir tranquilidade financeira no futuro. Para facilitar esse planejamento, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) disponibiliza ferramentas que permitem aos segurados simular sua aposentadoria, verificando quando poderão se aposentar e qual será o valor aproximado do benefício.
Sumário
ToggleO que é o Simulador de Aposentadoria do INSS?
O Simulador de Aposentadoria é uma ferramenta digital oferecida pelo INSS que permite aos segurados calcular o tempo de contribuição necessário para se aposentar e estimar o valor do benefício que receberão. Esta calculadora está disponível tanto no site quanto no aplicativo Meu INSS, sendo acessível a todos os contribuintes que possuem cadastro na plataforma gov.br.
A ferramenta realiza sete cálculos diferentes para verificar quanto tempo falta para atingir a idade mínima ou quantas contribuições ainda são necessárias para ter direito à aposentadoria, considerando as diversas regras previdenciárias em vigor. Para aqueles que estão a menos de cinco anos de adquirir o direito ao benefício, o simulador também oferece uma estimativa do valor que será recebido.
É importante ressaltar que o resultado gerado pelo simulador tem caráter meramente consultivo e não garante direito à aposentadoria. Quando a simulação indicar que o segurado atingiu os requisitos em alguma categoria, ele poderá entrar com o pedido formal no INSS para verificar se, de fato, tem direito ao benefício.
De acordo com o art. 29-C da Lei nº 8.213/91, incluído pela Lei nº 13.846/2019, “o segurado que atingir o requisito para a aposentadoria programada terá direito ao cálculo do seu benefício com base na data de entrada do requerimento”. Isso significa que, mesmo após identificar pelo simulador que já possui direito à aposentadoria, é fundamental formalizar o pedido para garantir o valor do benefício conforme as regras vigentes naquele momento.
Benefícios do Simulador de Aposentadoria
O simulador do INSS traz diversas vantagens para os segurados:
- Permite planejar financeiramente a aposentadoria com antecedência
- Oferece uma visão clara sobre o tempo restante de contribuição
- Possibilita conhecer as diferentes regras aplicáveis ao seu caso
- Evita deslocamentos desnecessários às agências do INSS
- Empodera o segurado, tornando-o protagonista do processo de aposentadoria
- Facilita a comparação entre diferentes modalidades de aposentadoria
- Auxilia na decisão sobre o melhor momento para solicitar o benefício
- Proporciona maior segurança no planejamento da vida pós-trabalho
Como estabelece o art. 29-B da Lei nº 8.213/91, “os segurados terão acesso a informações detalhadas sobre o cálculo do seu benefício previdenciário”, direito que é materializado através do simulador, garantindo transparência no processo previdenciário.
Como Acessar o Simulador de Aposentadoria
Para utilizar o Simulador de Aposentadoria do INSS, o segurado precisa acessar a plataforma Meu INSS, que está disponível tanto em formato de site quanto como aplicativo para dispositivos móveis. Confira o passo a passo para acessar essa ferramenta:
Passo a Passo para Acessar o Simulador
- Entre no site Meu INSS (gov.br/meuinss) ou baixe o aplicativo “Meu INSS” disponível para Android e iOS
- Acesse sua conta gov.br utilizando CPF e senha
- No menu principal, localize e selecione a opção “Simular Aposentadoria”
- Confira seus dados pessoais e, se necessário, faça alterações clicando no ícone de lápis
- Clique em “Recalcular” para obter os resultados da simulação
Após seguir esses passos, o sistema apresentará as condições de aposentadoria para cada uma das possibilidades existentes, considerando as regras atuais da Previdência Social.
É importante destacar que, conforme o Decreto nº 3.048/99, em seu art. 176-E, “o INSS disponibilizará ao cidadão ferramentas digitais para acompanhamento e planejamento de sua vida previdenciária”, reforçando a obrigação legal de oferecer meios para que o segurado possa simular sua aposentadoria.
Níveis de Acesso na Plataforma Gov.br
Para acessar o simulador, é necessário ter uma conta gov.br com nível de segurança adequado. Existem três níveis de segurança:
- Nível Bronze: Acesso básico, obtido com validação de dados via internet
- Nível Prata: Acesso intermediário, obtido com validação em bancos credenciados ou via internet banking
- Nível Ouro: Acesso completo, obtido com validação biométrica ou certificado digital
Para utilizar todas as funcionalidades do simulador, recomenda-se ter pelo menos o nível prata, que pode ser obtido através da validação de dados em bancos como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Banrisul, BRB, Sicoob e Santander, ou através do reconhecimento facial com a CNH Digital.
Entendendo as Regras de Aposentadoria em 2025
Para utilizar corretamente o simulador, é fundamental compreender as regras de aposentadoria vigentes. Após a Reforma da Previdência de 2019, novas condições foram estabelecidas para a concessão do benefício, incluindo regras de transição para quem já era contribuinte antes da reforma.
Regra Geral Atual
De acordo com a legislação vigente em 2025, a regra geral para aposentadoria estabelece:
- Para mulheres: idade mínima de 62 anos e pelo menos 15 anos de contribuição
- Para homens: idade mínima de 65 anos e pelo menos 20 anos de contribuição
Estas regras estão fundamentadas no art. 201, §7º, inciso I da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 103/2019, que instituiu a Reforma da Previdência.
Regras de Transição
Para aqueles que já contribuíam com o INSS antes da aprovação da reforma, em novembro de 2019, foram criadas regras de transição que preveem alterações graduais até 2031. Em 2025, essas regras estabelecem:
1. Regra de Transição por Pontos
Esta regra considera a soma da idade com o tempo de contribuição:
- Mulheres: mínimo de 91 pontos (em 2025) e 30 anos de contribuição
- Homens: mínimo de 101 pontos (em 2025) e 35 anos de contribuição
A pontuação aumenta progressivamente até atingir 100 pontos para mulheres e 105 pontos para homens.
2. Regra de Transição por Idade Mínima Progressiva
- Mulheres: 58 anos e 6 meses de idade (em 2025) e 30 anos de contribuição
- Homens: 63 anos e 6 meses de idade (em 2025) e 35 anos de contribuição
A idade mínima aumenta 6 meses a cada ano até atingir 62 anos para mulheres e 65 anos para homens.
3. Regra de Transição do Pedágio de 50%
Para quem estava a até 2 anos da aposentadoria quando a reforma foi aprovada:
- Mulheres: 28 anos de contribuição + pedágio de 50% do tempo que faltava
- Homens: 33 anos de contribuição + pedágio de 50% do tempo que faltava
4. Regra de Transição do Pedágio de 100%
- Mulheres: idade mínima de 57 anos + 30 anos de contribuição + pedágio de 100% do tempo que faltava
- Homens: idade mínima de 60 anos + 35 anos de contribuição + pedágio de 100% do tempo que faltava
5. Regra de Transição por Idade
- Mulheres: idade mínima de 61 anos e 6 meses (em 2025) e 15 anos de contribuição
- Homens: idade mínima de 65 anos e 15 anos de contribuição (para quem já era segurado) ou 20 anos (para novos segurados)
Estas regras de transição estão previstas nos artigos 15 a 20 da Emenda Constitucional nº 103/2019, que estabeleceu critérios específicos para quem já estava no sistema previdenciário antes da reforma.
Cálculo do Benefício
O valor do benefício varia conforme a regra aplicável ao segurado, como demonstra a tabela abaixo:
Regras aplicáveis da aposentadoria por idade |
---|
Regra Aplicável |
Antes da Reforma (até 12/11/2019) |
Regra de Transição |
Regra Definitiva (a partir de 13/11/2019) |
Essas regras determinam como será calculado o valor da aposentadoria, sendo um fator crucial para o planejamento financeiro do segurado.
O art. 26 da Emenda Constitucional nº 103/2019 estabelece que “até que lei discipline o cálculo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, será utilizada a média aritmética simples dos salários de contribuição e das remunerações adotados como base para contribuições, atualizados monetariamente, correspondentes a 100% do período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência”.
Como Utilizar o Simulador de Aposentadoria Corretamente
Para obter resultados precisos na simulação de aposentadoria, é importante seguir algumas orientações e verificar se todas as informações estão corretas no sistema.
Verificando e Atualizando seus Dados no CNIS
O Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) é a base de dados utilizada pelo simulador para calcular o tempo de contribuição e o valor do benefício. Por isso, é fundamental que as informações nesse cadastro estejam atualizadas e completas.
Antes de realizar a simulação, verifique se todos os seus vínculos empregatícios e contribuições estão corretamente registrados no CNIS. Caso identifique informações desatualizadas ou incompletas, será necessário providenciar a atualização desses dados.
Para consultar e atualizar o CNIS:
- Acesse o Meu INSS (site ou aplicativo)
- Faça login com sua conta gov.br
- Selecione a opção “Meu CNIS”
- Verifique se todos os períodos trabalhados estão registrados
- Caso identifique inconsistências, reúna documentos comprobatórios (carteira de trabalho, contracheques, carnês de contribuição) e solicite a atualização
É importante destacar que, em muitos casos, o simulador pode não revelar automaticamente as informações corretas devido a dados desatualizados ou incompletos no CNIS.
O Decreto nº 3.048/99, em seu art. 19, §2º, estabelece que “o segurado poderá solicitar, a qualquer momento, a inclusão, exclusão ou retificação de informações constantes do CNIS, com a apresentação de documentos comprobatórios dos dados divergentes”, garantindo assim o direito de manter seu cadastro atualizado.
Situações Especiais não Contempladas pelo Simulador
O simulador do INSS possui algumas limitações, especialmente para categorias de trabalhadores que têm direito a regras diferenciadas de aposentadoria. Entre essas situações especiais estão:
Professores da Educação Básica
Conforme o art. 201, §8º da Constituição Federal, os professores que comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio têm direito a condições especiais:
- Mulheres: idade mínima de 57 anos e 25 anos de contribuição
- Homens: idade mínima de 60 anos e 25 anos de contribuição
Pessoas com Deficiência
A Lei Complementar nº 142/2013 garante aposentadoria com tempo de contribuição reduzido para pessoas com deficiência:
- Deficiência grave: 25 anos (homens) e 20 anos (mulheres)
- Deficiência moderada: 29 anos (homens) e 24 anos (mulheres)
- Deficiência leve: 33 anos (homens) e 28 anos (mulheres)
Ou por idade:
- 60 anos (homens) e 55 anos (mulheres), com mínimo de 15 anos de contribuição e deficiência comprovada pelo mesmo período
Trabalhadores Expostos a Agentes Nocivos
O art. 201, §1º da Constituição Federal prevê condições diferenciadas para trabalhadores expostos a agentes nocivos à saúde:
- Atividade de risco: 15, 20 ou 25 anos de exposição, dependendo do grau de nocividade
Segurados com Direito à Contagem Recíproca
Para quem possui tempo de contribuição em diferentes regimes previdenciários (RGPS e RPPS), o art. 201, §9º da Constituição Federal garante a contagem recíproca do tempo de contribuição, assegurando a compensação financeira entre os regimes.
Nesses casos, o simulador pode não considerar automaticamente as particularidades que garantem aposentadoria mais cedo ou em condições especiais. Se você se enquadra em alguma dessas categorias, é recomendável buscar orientação especializada para avaliar corretamente suas condições de aposentadoria.
Simulando sua Aposentadoria: Passo a Passo Detalhado
Agora que você já conhece as regras básicas e os cuidados necessários, vamos detalhar o processo completo para simular sua aposentadoria no Meu INSS.
Passo 1: Dados Iniciais
Ao acessar o simulador, você visualizará a tela de dados iniciais, onde serão apresentadas informações pessoais necessárias para a simulação:
- Nome completo
- Data de nascimento
- Sexo
- CPF
- NIT/PIS/PASEP
- Data de filiação ao RGPS (primeira contribuição)
- Tempo de contribuição já registrado no sistema
Nesta etapa, também será oferecida a opção de contar em dobro os períodos de licença prêmio não usufruídos, caso você tenha direito a esse benefício, conforme previsto no art. 7º da Lei nº 9.527/1997 para servidores que migraram para o Regime Geral.
Para prosseguir, basta clicar no botão “Contar Licença Prêmio por Assiduidade – LPA em dobro” (se aplicável) e em seguida em “Avançar”.
Passo 2: Fundamentos Legais
Na segunda etapa, o sistema apresentará os fundamentos legais aplicáveis ao seu caso, considerando seu histórico de contribuições e as regras vigentes. Serão exibidas todas as possibilidades de aposentadoria com base nas seguintes legislações:
- Emenda Constitucional nº 103/2019 (Reforma da Previdência)
- Lei nº 8.213/91 (Plano de Benefícios da Previdência Social)
- Decreto nº 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social)
- Legislações específicas para categorias especiais
É importante analisar com atenção essas informações para compreender quais regras serão aplicadas no cálculo da sua aposentadoria.
Passo 3: Detalhamento e PSS
Nesta fase, o simulador mostrará um detalhamento das contribuições registradas em seu nome, incluindo:
- Períodos de contribuição
- Valores contribuídos mês a mês
- Empresas ou órgãos onde trabalhou
- Atividades exercidas
O sistema também permitirá a opção de descarte de contribuições para fins de cálculo do benefício (PSS – Plano de Seguridade Social). Esta funcionalidade é útil para quem possui contribuições com valores muito baixos que poderiam reduzir a média salarial utilizada no cálculo do benefício.
Conforme o art. 29, §7º da Lei nº 8.213/91, “o segurado poderá optar pela exclusão das contribuições que resultem em redução do valor do benefício, desde que mantido o tempo mínimo de contribuição exigido”.
Passo 4: Resultado da Simulação
Por fim, o sistema apresentará o resultado da simulação, indicando:
- Se você já atingiu os requisitos para se aposentar
- Caso não tenha atingido, quanto tempo falta para cada modalidade de aposentadoria
- Para quem está a menos de cinco anos de adquirir o direito, uma estimativa do valor do benefício
- As diferentes possibilidades de aposentadoria aplicáveis ao seu caso
- Comparativo entre as regras, destacando a mais vantajosa
O resultado será apresentado em formato de tabela, com cores indicativas:
- Verde: requisitos já cumpridos
- Amarelo: requisitos próximos de serem cumpridos
- Vermelho: requisitos ainda distantes
É importante lembrar que o resultado gerado é apenas uma simulação e não garante direito ao benefício. Quando a simulação indicar que você atingiu os requisitos em alguma categoria, será necessário entrar com o pedido formal no INSS para análise definitiva.
Casos Práticos: Exemplos de Simulação
Para ilustrar como funciona o simulador na prática, vamos analisar alguns casos hipotéticos:
Exemplo 1: Aposentadoria por Idade
Maria tem 61 anos e contribuiu para o INSS por 14 anos. Ao utilizar o simulador, ela descobriu que falta apenas 1 ano para atingir a idade mínima (62 anos) e mais 1 ano de contribuição para completar os 15 anos exigidos para mulheres. Com essas informações, Maria decidiu continuar trabalhando por mais um ano para garantir sua aposentadoria.
O simulador mostrou para Maria que, ao completar os requisitos, ela terá direito a um benefício calculado da seguinte forma:
- 60% da média de todos os salários de contribuição (valor base)
- Como terá exatamente 15 anos de contribuição, não receberá acréscimos percentuais
- Seu benefício será limitado a um salário mínimo, caso o cálculo resulte em valor inferior
Conforme o art. 26, §2º, inciso III da Emenda Constitucional nº 103/2019, “o valor do benefício de aposentadoria corresponderá a 60% da média aritmética definida na forma prevista no caput e no § 1º, com acréscimo de 2 pontos percentuais para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 15 anos de contribuição para a mulher”.
Exemplo 2: Aposentadoria por Tempo de Contribuição (Regra de Transição)
João, de 60 anos, contribuiu por 33 anos para o INSS e começou a contribuir antes da reforma da Previdência. Ao utilizar o simulador, ele verificou que pela regra de transição dos pontos (soma de idade e tempo de contribuição), ele precisa atingir 101 pontos. Como atualmente possui 93 pontos (60 de idade + 33 de contribuição), faltam 8 pontos, que poderão ser alcançados em 4 anos (considerando que a cada ano ele ganha 2 pontos: 1 de idade e 1 de contribuição).
No entanto, o simulador também mostrou outra possibilidade: a regra de transição por idade mínima progressiva. Por essa regra, João precisaria ter 63 anos e 6 meses de idade em 2025, além de 35 anos de contribuição. Faltam, portanto, 3 anos e 6 meses para atingir a idade necessária e mais 2 anos de contribuição.
Comparando as duas regras, João percebeu que a segunda opção seria mais vantajosa, pois poderia se aposentar em 3 anos e 6 meses (tempo necessário para atingir a idade mínima e completar 35 anos de contribuição), enquanto pela regra dos pontos precisaria esperar 4 anos.
O simulador também apresentou uma estimativa do valor do benefício em cada modalidade, permitindo que João planejasse sua vida financeira para o período pós-aposentadoria.
Exemplo 3: Aposentadoria Especial
Pedro trabalhou durante 20 anos exposto a agentes nocivos de grau médio (que exigem 25 anos de exposição para aposentadoria especial) e depois mais 10 anos em atividade comum. Ao utilizar o simulador, ele observou que o sistema não conseguiu identificar automaticamente seu direito à conversão do tempo especial em comum.
Nesse caso, Pedro precisou solicitar ao INSS o reconhecimento do período especial, apresentando o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) e o Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT). Após o reconhecimento, o tempo especial foi convertido com o multiplicador 1,4, transformando os 20 anos de atividade especial em 28 anos de atividade comum.
Com essa conversão e somando os 10 anos de atividade comum, Pedro alcançou 38 anos de contribuição para fins de aposentadoria, superando o requisito mínimo de 35 anos para homens.
Este caso ilustra uma situação em que o simulador pode não contemplar automaticamente todas as particularidades do histórico contributivo do segurado, sendo necessário um procedimento adicional para garantir o reconhecimento de direitos.
Exemplo 4: Professora da Educação Básica
Ana é professora da educação básica há 23 anos e tem 55 anos de idade. Ao utilizar o simulador, ela verificou que, por ser professora, tem direito a regras diferenciadas de aposentadoria.
O simulador mostrou que, pela regra de transição dos pontos para professores, ela precisa atingir 86 pontos (soma de idade e tempo de contribuição) em 2025, além de comprovar 25 anos de efetivo exercício no magistério. Como Ana possui 78 pontos (55 de idade + 23 de contribuição), faltam 8 pontos e mais 2 anos de contribuição como professora.
Pela regra de transição da idade mínima progressiva para professores, Ana precisaria ter 56 anos e 6 meses de idade em 2025, além de 25 anos de contribuição como professora. Faltam, portanto, 1 ano e 6 meses para atingir a idade necessária e mais 2 anos de contribuição.
Comparando as duas regras, Ana concluiu que a segunda opção seria mais vantajosa, pois poderia se aposentar em 2 anos (tempo necessário para completar tanto a idade mínima quanto os 25 anos de contribuição como professora).
Erros Comuns e Como Evitá-los
Ao utilizar o simulador de aposentadoria, é importante estar atento a alguns erros comuns que podem comprometer a precisão dos resultados.
Problemas no Cadastro e Como Resolvê-los
Os problemas mais frequentes no CNIS que afetam a simulação incluem:
- Vínculos empregatícios não registrados: Verifique se todos os seus empregos estão registrados no CNIS. Caso falte algum, será necessário apresentar documentos comprobatórios, como a carteira de trabalho. O art. 19-B do Decreto nº 3.048/99 estabelece que “a comprovação de vínculos e remunerações poderá ser realizada por meio dos seguintes documentos, desde que contemporâneos aos fatos a comprovar: I – contrato de trabalho, Carteira de Trabalho e Previdência Social, carteira profissional ou caderneta de matrícula; II – comprovante de recolhimento de contribuição; III – recibos de pagamento; IV – declaração fornecida pela empresa, devidamente assinada e identificada por seu responsável”.
- Contribuições como autônomo não computadas: Se você contribuiu como autônomo ou facultativo, verifique se todas as contribuições estão registradas. Guarde os comprovantes de pagamento para eventual comprovação.
- Períodos especiais não identificados: Trabalho rural, atividades insalubres ou perigosas podem garantir contagem diferenciada de tempo, mas nem sempre são automaticamente identificados pelo sistema. Conforme o art. 58 da Lei nº 8.213/91, “a relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial será definida pelo Poder Executivo”, sendo necessária a comprovação da exposição através de documentação específica.
- Erros nos valores das contribuições: Valores incorretos podem afetar o cálculo do benefício. Confira se os salários registrados correspondem aos efetivamente recebidos.
- Períodos de afastamento não registrados: Licenças médicas, maternidade e outros afastamentos que contam como tempo de contribuição podem não estar registrados corretamente. O art. 60 da Lei nº 8.213/91 estabelece que “o auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz”, sendo este período computado como tempo de contribuição.
Para resolver esses problemas, é fundamental manter toda a documentação relacionada à vida laboral organizada e, se necessário, solicitar a atualização dos dados junto ao INSS antes de realizar a simulação.
Quando Buscar Ajuda Especializada
Embora o simulador seja uma ferramenta útil, há situações em que é recomendável buscar orientação especializada:
- Quando você se enquadra em categorias com regras especiais (professores, pessoas com deficiência, etc.)
- Se identificar inconsistências no CNIS que não consegue resolver sozinho
- Quando há períodos de trabalho no exterior a serem considerados
- Se existirem dúvidas sobre qual regra de transição é mais vantajosa para o seu caso
- Quando houver necessidade de reconhecimento de tempo especial
- Em casos de aposentadoria híbrida (urbana e rural)
- Quando existirem períodos de contribuição em diferentes regimes previdenciários
Nesses casos, consultar um advogado especializado em direito previdenciário pode fazer grande diferença na precisão da simulação e na garantia dos seus direitos.
Dicas para Maximizar o Valor da sua Aposentadoria
Além de utilizar corretamente o simulador, existem estratégias que podem ajudar a aumentar o valor do seu benefício previdenciário:
Contribuições Complementares
Se você está próximo de se aposentar, mas percebe que o valor estimado do benefício está abaixo do esperado, considere realizar contribuições complementares. Conforme o art. 21 da Lei nº 8.212/91, o segurado pode optar por contribuir sobre valores superiores ao seu salário atual, respeitando o teto do INSS.
Essa estratégia é particularmente útil para:
- Autônomos e facultativos que contribuem pelo valor mínimo
- Empregados com salário abaixo do teto que desejam aumentar a média salarial
- Pessoas que tiveram períodos de contribuição com valores baixos
Planejamento do Momento Ideal para se Aposentar
O simulador pode ajudar a identificar o momento mais vantajoso para solicitar a aposentadoria. Em alguns casos, trabalhar por mais alguns meses ou anos pode resultar em um aumento significativo no valor do benefício, especialmente quando:
- Falta pouco tempo para completar um ano adicional que gerará acréscimo de 2% no cálculo do benefício
- Está próximo de atingir uma regra de transição mais vantajosa
- Contribuições recentes têm valores superiores às antigas, o que pode aumentar a média salarial
Revisão do Cálculo do Benefício
Após receber a concessão da aposentadoria, é possível solicitar a revisão do cálculo caso identifique erros ou omissões. O prazo para solicitar essa revisão é de 10 anos, conforme o art. 103 da Lei nº 8.213/91.
Motivos comuns para revisão incluem:
- Períodos de contribuição não computados
- Valores de contribuição registrados incorretamente
- Não aplicação de regras de transição mais vantajosas
- Erro na aplicação dos índices de correção monetária
Aposentadoria e Continuidade no Trabalho
Muitos segurados têm dúvidas sobre a possibilidade de continuar trabalhando após se aposentar. O simulador não aborda diretamente essa questão, mas é importante conhecer as regras:
Compatibilidade entre Aposentadoria e Trabalho
De acordo com o art. 46 da Lei nº 8.213/91, “o aposentado por idade ou por tempo de contribuição pelo Regime Geral de Previdência Social que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta Lei”.
Isso significa que:
- É permitido continuar trabalhando após se aposentar
- O aposentado que trabalha continua contribuindo para a Previdência
- Essas novas contribuições não geram direito a nova aposentadoria, mas podem dar direito a outros benefícios, como salário-família e reabilitação profissional
Impactos da Reforma da Previdência
A Reforma da Previdência trouxe mudanças importantes para quem deseja continuar trabalhando após se aposentar:
- Fim da possibilidade de desaposentação (cancelar a aposentadoria para obter benefício mais vantajoso)
- Redução do valor do benefício de pensão por morte para quem acumula com aposentadoria
- Novas regras para acumulação de benefícios
É importante considerar esses fatores ao planejar a continuidade no trabalho após a aposentadoria.
Conclusão
O Simulador de Aposentadoria do INSS é uma ferramenta valiosa que permite aos segurados planejar seu futuro previdenciário com mais segurança e autonomia. Ao utilizar corretamente essa ferramenta, verificando e atualizando seus dados no CNIS, é possível obter uma estimativa confiável sobre quando poderá se aposentar e qual será o valor aproximado do benefício.
Para garantir que seus direitos previdenciários sejam plenamente respeitados e que você obtenha o melhor benefício possível, considere consultar um especialista em direito previdenciário que poderá analisar seu caso individualmente e oferecer orientações personalizadas para garantir que você receba todos os valores a que tem direito, evitando prejuízos financeiros que podem acompanhá-lo por toda a vida após a aposentadoria. Afinal, a aposentadoria é o resultado de anos de trabalho e contribuição, e merece ser planejada com o máximo de cuidado e atenção.