A cobertura de tratamentos oncológicos pelos planos de saúde é uma questão crítica para milhares de brasileiros que enfrentam o desafio do câncer. Quando um usuário de plano de saúde recebe um diagnóstico de câncer e se depara com a necessidade de um tratamento específico, como o uso do medicamento Pembrolizumabe (Keytruda) para câncer de laringe, é fundamental que a operadora cumpra seu papel e forneça a cobertura necessária.
Sumário
Toggle- O Caso da Notre Dame e a Negativa de Cobertura do Pembrolizumabe
- A Decisão Judicial: Tutela de Urgência em Favor do Consumidor
- Os Fundamentos da Decisão: Prevalência da Indicação Médica
- O Pembrolizumabe (Keytruda) e seu Uso no Tratamento do Câncer de Laringe
- A Importância do Home Care no Tratamento Oncológico
- A Jurisprudência do STJ sobre Cobertura de Tratamentos Experimentais
- Os Impactos da Decisão para Consumidores e Operadoras de Planos de Saúde
- A Opinião do Especialista: Marcel Sanches sobre a Decisão
- Busque Orientação Jurídica Especializada
Infelizmente, muitas vezes os consumidores enfrentam obstáculos e negativas injustificadas, levando a batalhas judiciais para garantir seus direitos.
O Caso da Notre Dame e a Negativa de Cobertura do Pembrolizumabe
No caso em questão, a operadora Notre Dame Intermédica Saúde S/A se recusou a fornecer o medicamento Pembrolizumabe (Keytruda) a um consumidor diagnosticado com neoplasia maligna de laringe localmente avançada. A negativa da operadora baseou-se no argumento de que o medicamento estaria ainda em fase experimental e não teria eficácia comprovada.
Além disso, a Notre Dame também negou a cobertura de home care solicitada pelo médico assistente do paciente. A operadora alegou ter realizado uma auditoria interna e um estudo baseado no score NEAD e na tabela ABEMID, concluindo que não havia evidências de que o paciente estivesse restrito ao leito, apesar de possuir traqueostomia.
A Decisão Judicial: Tutela de Urgência em Favor do Consumidor
Diante da negativa da Notre Dame, o consumidor recorreu ao Poder Judiciário buscando a garantia de seus direitos. O caso foi analisado pela 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, que decidiu em favor do usuário do plano de saúde.
A decisão judicial, proferida em sede de Agravo de Instrumento, manteve a tutela de urgência concedida em primeira instância. Esta determinava que a Notre Dame fornecesse o medicamento Pembrolizumabe (Keytruda) e custeasse o serviço de home care, conforme a prescrição médica, sob pena de multa diária de R$500,00, limitada a R$50.000,00.
Os Fundamentos da Decisão: Prevalência da Indicação Médica
O Tribunal de Justiça de São Paulo baseou sua decisão em princípios fundamentais do direito à saúde e na jurisprudência consolidada sobre o tema. Os principais fundamentos da decisão foram:
- A indicação do médico que assiste o paciente deve prevalecer, pois é ele quem tem condições de decidir qual o tratamento mais adequado para o caso específico.
- A doença em questão (câncer de laringe) é coberta pelo plano de saúde, não podendo a operadora se eximir da responsabilidade de fornecer o tratamento indicado.
- A Súmula 102 do Tribunal de Justiça de São Paulo estabelece que “havendo expressa indicação médica, é abusiva a negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS”.
- Com relação ao home care, o Tribunal aplicou a Súmula 90, que determina ser abusiva a cláusula de exclusão desse serviço quando há expressa indicação médica.
O Pembrolizumabe (Keytruda) e seu Uso no Tratamento do Câncer de Laringe
O Pembrolizumabe, comercializado sob o nome Keytruda, é um medicamento imunoterápico utilizado no tratamento de diversos tipos de câncer, incluindo o câncer de laringe. Este medicamento atua estimulando o sistema imunológico do paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas de forma mais eficaz.
Aprovação e eficácia:
- O Pembrolizumabe é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de diversos tipos de câncer.
- Estudos clínicos têm demonstrado sua eficácia no tratamento de câncer de cabeça e pescoço, incluindo o câncer de laringe, especialmente em casos avançados ou recorrentes.
Indicações:
- É frequentemente utilizado em casos onde a quimioterapia convencional não apresentou resultados satisfatórios.
- Pode ser indicado como terapia de primeira linha em alguns casos específicos, dependendo das características do tumor e do paciente.
É importante ressaltar que, embora alguns tratamentos possam ser considerados experimentais em certas situações, a decisão sobre sua aplicação deve ser tomada pelo médico responsável pelo caso, levando em consideração as particularidades de cada paciente.
A Importância do Home Care no Tratamento Oncológico
No caso em análise, além do fornecimento do Pembrolizumabe, a decisão judicial também determinou que a Notre Dame custeasse o serviço de home care para o paciente. Esta decisão baseou-se nas seguintes considerações:
- O paciente apresentava traqueostomia, fazia uso de dieta enteral e necessitava de medicamentos de uso contínuo.
- Havia indicação médica expressa para suporte de fisioterapia e cuidados clínicos.
- A Súmula 90 do TJSP estabelece que, havendo indicação médica para home care, é abusiva a cláusula de exclusão desse serviço.
O home care desempenha um papel crucial no tratamento de pacientes oncológicos, especialmente em casos complexos como o do consumidor em questão. Alguns benefícios do atendimento domiciliar incluem:
- Maior conforto e qualidade de vida para o paciente
- Redução do risco de infecções hospitalares
- Acompanhamento personalizado e contínuo
- Suporte emocional ao paciente e familiares
- Possibilidade de adaptar o ambiente às necessidades específicas do tratamento
A Jurisprudência do STJ sobre Cobertura de Tratamentos Experimentais
A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo está alinhada com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o tema. Em diversas ocasiões, o STJ tem se posicionado contra a negativa de cobertura de tratamentos sob o argumento de serem experimentais ou não estarem previstos no rol da ANS.
Um exemplo relevante é o Recurso Especial nº 1.721.705, julgado em 28 de agosto de 2018, sob a relatoria da Ministra Nancy Andrighi. Neste julgamento, o STJ afirmou que:
- A operadora de plano de saúde não pode interferir na atividade médica.
- A negativa de fornecimento de medicação sob o fundamento de se tratar de tratamento experimental configura dano moral.
- O agravamento da aflição psicológica do beneficiário do plano de saúde que se encontra com a saúde debilitada é inaceitável.
Esta jurisprudência reforça a importância de respeitar a autonomia médica e priorizar o bem-estar do paciente, especialmente em casos de doenças graves como o câncer.
Os Impactos da Decisão para Consumidores e Operadoras de Planos de Saúde
A decisão do TJSP no caso da Notre Dame tem implicações significativas tanto para os consumidores quanto para as operadoras de planos de saúde:
Para os consumidores:
- Reforça o direito à cobertura de tratamentos prescritos pelo médico assistente, mesmo que considerados experimentais pela operadora.
- Destaca a importância de buscar a tutela judicial quando necessário para garantir o acesso a tratamentos essenciais.
- Oferece uma perspectiva positiva para pacientes que se encontram em situações similares.
Para as operadoras de planos de saúde:
- Indica a necessidade de revisar políticas de cobertura, especialmente para tratamentos oncológicos avançados.
- Alerta para os riscos jurídicos e financeiros de negar cobertura com base em argumentos frágeis.
- Sugere a importância de uma abordagem mais flexível e centrada no paciente na avaliação de solicitações de tratamento.
A Opinião do Especialista: Marcel Sanches sobre a Decisão
Marcel Sanches, advogado especialista em Direito Privado e Atuação nos Tribunais Superiores, oferece sua perspectiva sobre a decisão:
“A decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo no caso da Notre Dame é um marco importante na proteção dos direitos dos consumidores de planos de saúde. Ao determinar a cobertura do Pembrolizumabe e do home care, o tribunal reafirma princípios fundamentais do direito à saúde e do respeito à autonomia médica. É crucial que as operadoras de planos de saúde compreendam que sua função vai além da mera prestação de serviços contratuais; elas têm um papel fundamental na garantia do bem-estar e da qualidade de vida de seus beneficiários. Casos como este demonstram a importância de uma abordagem mais humanizada e centrada no paciente na gestão dos planos de saúde.”
Busque Orientação Jurídica Especializada
Se você enfrenta uma situação semelhante, com negativa de cobertura de tratamento ou medicamento por parte de seu plano de saúde, é fundamental buscar orientação jurídica especializada. A Ls Advogados conta com uma equipe de profissionais experientes em direito à saúde e defesa do consumidor, prontos para avaliar seu caso e orientá-lo sobre as melhores estratégias para garantir seus direitos. Não hesite em clicar no botão de WhatsApp e conversar com um de nossos especialistas. Sua saúde e seus direitos são nossa prioridade.