Direito Trabalhista e Previdenciário
WhatsApp

Demissão por acordo trabalhista: veja regras da lei e cálculo!

A demissão por acordo trabalhista, introduzida pela Reforma Trabalhista de 2017, trouxe uma nova modalidade de rescisão contratual que busca equilibrar os interesses de empregados e empregadores. Neste artigo, vamos explorar detalhadamente as regras, cálculos e implicações dessa forma de encerramento do vínculo empregatício.

O que é a demissão por acordo trabalhista?

A demissão por acordo trabalhista, também conhecida como rescisão consensual, é uma modalidade de término do contrato de trabalho em que empregado e empregador concordam mutuamente em encerrar a relação empregatícia. Essa opção foi regulamentada pelo artigo 484-A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), introduzido pela Lei nº 13.467/2017.

Antes da reforma, acordos informais entre empresas e funcionários para simular demissões sem justa causa eram comuns, mas ilegais. A nova legislação veio para legalizar e regulamentar essa prática, proporcionando maior segurança jurídica para ambas as partes.

Como funciona o acordo trabalhista?

O processo de demissão por acordo trabalhista inicia-se com uma conversa entre o empregado e o empregador. É fundamental que ambas as partes estejam de acordo com a rescisão, pois qualquer indício de coação pode invalidar o processo.

Após o consenso, a empresa deve providenciar a documentação necessária, incluindo:

  • Carta de rescisão
  • Termo de rescisão do contrato de trabalho
  • Exame demissional
  • Baixa na carteira de trabalho

É importante ressaltar que o pagamento das verbas rescisórias deve ser realizado em até 10 dias corridos após o término do contrato, conforme estabelecido pela legislação trabalhista.

Direitos do trabalhador na demissão por acordo

Na demissão por acordo trabalhista, o empregado tem direito a receber:

Verba RescisóriaPercentual
Saldo de salário100%
Aviso prévio (se indenizado)50%
Férias vencidas + 1/3100%
Férias proporcionais + 1/3100%
13º salário proporcional100%
Multa do FGTS20%
Saque do FGTSAté 80%

É importante notar que, diferentemente da demissão sem justa causa, o empregado não terá direito ao seguro-desemprego nessa modalidade de rescisão.

Cálculo da demissão por acordo trabalhista

Para exemplificar o cálculo da demissão por acordo, vamos considerar um cenário hipotético:

Empregado com salário de R$ 3.000,00, com 2 anos e 6 meses de empresa, sem férias vencidas:

  1. Saldo de salário (15 dias): R$ 1.500,00
  2. Aviso prévio indenizado (50%): R$ 1.500,00
  3. 13º salário proporcional (7/12): R$ 1.750,00
  4. Férias proporcionais + 1/3: R$ 3.000,00
  5. Multa do FGTS (20%): R$ 1.800,00 (considerando saldo de R$ 9.000,00)

Total aproximado: R$ 9.550,00

Este exemplo ilustra como o cálculo pode ser realizado, mas é importante lembrar que cada caso é único e pode haver variações dependendo de fatores específicos do contrato de trabalho.

Vantagens e desvantagens da demissão por acordo

A demissão por acordo trabalhista apresenta benefícios e desvantagens para ambas as partes:

ParteVantagensDesvantagens
Empregado– Recebimento de parte das verbas rescisórias
– Possibilidade de sacar 80% do FGTS
– Manutenção de uma relação amigável com o ex-empregador
– Não recebimento do seguro-desemprego
– Redução no valor das verbas rescisórias em comparação com a demissão sem justa causa
Empregador– Redução nos custos da rescisão
– Menor risco de ações trabalhistas futuras
– Manutenção de um bom relacionamento com o ex-funcionário
– Necessidade de concordância do empregado
– Possibilidade de questionamentos futuros sobre a validade do acordo

Aspectos legais e jurisprudência

A demissão por acordo trabalhista, embora regulamentada, ainda gera debates no âmbito jurídico. É fundamental que ambas as partes estejam cientes dos riscos e implicações legais dessa modalidade de rescisão.

Um ponto crucial é a necessidade de real consenso entre as partes. Caso haja indícios de coação ou fraude, o acordo pode ser anulado pela Justiça do Trabalho. Nesse sentido, é recomendável buscar orientação jurídica especializada, como a de um advogado trabalhista online, para garantir que o processo seja conduzido de forma legal e segura.

A jurisprudência sobre o tema ainda está em formação, mas já existem decisões que reforçam a importância da livre manifestação de vontade das partes. Por exemplo, o Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, em decisão recente, anulou um acordo de demissão por entender que não houve real consenso entre as partes.

Procedimentos para formalizar a demissão por acordo

Para formalizar a demissão por acordo trabalhista, é necessário seguir alguns passos importantes:

  1. Conversa inicial: Empregado e empregador devem discutir abertamente a possibilidade do acordo.
  2. Documentação: Elaborar a carta de rescisão, detalhando os termos do acordo.
  3. Homologação: Embora não seja obrigatória, a homologação no sindicato da categoria pode trazer mais segurança jurídica.
  4. Pagamento das verbas: Realizar o pagamento das verbas rescisórias dentro do prazo legal.
  5. Baixa na CTPS: Efetuar a baixa na Carteira de Trabalho e Previdência Social.
  6. Comunicação aos órgãos competentes: Informar a rescisão aos órgãos governamentais pertinentes.

Considerações importantes

É fundamental que tanto empregadores quanto empregados estejam cientes de que a demissão por acordo trabalhista não pode ser utilizada como forma de burlar a legislação ou prejudicar direitos trabalhistas. O Ministério Público do Trabalho e a Justiça do Trabalho estão atentos a possíveis fraudes nesse tipo de rescisão.

Além disso, é importante considerar o impacto dessa modalidade de rescisão na vida profissional do trabalhador. Embora possa ser vantajosa em determinadas situações, a demissão por acordo pode afetar o acesso a benefícios como o seguro-desemprego e limitar o saque do FGTS.

Estatísticas e dados relevantes

Desde a implementação da Reforma Trabalhista, a demissão por acordo tem ganhado espaço no mercado de trabalho brasileiro. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), em 2018, primeiro ano completo após a reforma, foram registradas mais de 163 mil rescisões por acordo mútuo.

Esse número representa cerca de 1,5% do total de desligamentos no período, indicando que, embora ainda não seja a forma predominante de rescisão, a demissão por acordo vem se consolidando como uma opção viável para empregados e empregadores.

Perspectivas futuras

A tendência é que a demissão por acordo trabalhista continue ganhando espaço no cenário laboral brasileiro. À medida que empregados e empregadores se familiarizam com essa modalidade de rescisão, é provável que seu uso se torne mais comum.

No entanto, é importante estar atento a possíveis alterações na legislação ou na interpretação dos tribunais sobre o tema. O Direito do Trabalho é uma área dinâmica, e novas decisões judiciais ou até mesmo mudanças legislativas podem impactar a forma como a demissão por acordo é aplicada e interpretada.

Conclusão

A demissão por acordo trabalhista representa uma evolução nas relações de trabalho, oferecendo uma alternativa legal e transparente para o encerramento consensual do vínculo empregatício. No entanto, é crucial que tanto empregados quanto empregadores compreendam plenamente seus direitos e obrigações nesse processo.

Ao optar por essa modalidade de rescisão, é fundamental buscar orientação jurídica especializada para garantir que todos os aspectos legais sejam observados, protegendo assim os interesses de ambas as partes envolvidas. Informações detalhadas sobre a demissão por acordo podem ser encontradas no site do Tribunal Superior do Trabalho, que oferece um guia completo sobre o tema.

Compartilhe:

Foto de Marcel Sanches
Marcel Sanches
Autor e Revisor
Advogado na Ls Advogados. Especialista em Direito Privado e Atuação nos Tribunais Superiores.
Últimos Posts
Direito Trabalhista e Previdenciário

Vale alimentação: tudo sobre, o que diz a lei e obrigatoriedade!

O vale alimentação é um benefício muito valorizado pelos trabalhadores brasileiros, pois auxilia diretamente na qualidade de vida e no orçamento familiar. Entretanto, muitas dúvidas ainda pairam sobre esse tema, especialmente no que diz respeito

Direito Trabalhista e Previdenciário

Art. 62 da CLT e Horas Extras: Quais São As Regras?

O artigo 62 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é um dispositivo legal que estabelece exceções à regra geral do pagamento de horas extras. Esse artigo tem gerado debates e controvérsias no âmbito trabalhista,

Direito Trabalhista e Previdenciário

Adicional de Categoria: Quem Tem Direito?

O adicional de categoria é um tema complexo e frequentemente mal compreendido no âmbito do direito trabalhista brasileiro. Este benefício, previsto em diversas legislações e convenções coletivas, visa compensar trabalhadores que exercem funções específicas ou

Direito Trabalhista e Previdenciário

Adicional de Periculosidade: Quais Profissões Têm Direito a Periculosidade?

O adicional de periculosidade é um direito trabalhista fundamental, concedido aos profissionais que exercem atividades consideradas perigosas, conforme estabelecido pela legislação brasileira. Este benefício visa compensar os trabalhadores expostos a riscos acentuados durante o desempenho

Direito Trabalhista e Previdenciário

Como Funciona o Anuênio?

O anuênio é um adicional por tempo de serviço concedido a servidores públicos federais, que representa um acréscimo de 1% sobre o vencimento básico do cargo efetivo para cada ano completo de efetivo exercício no

Direito Trabalhista e Previdenciário

Quem Tem Direito a Receber Adicional Por Tempo de Serviço?

O Adicional por Tempo de Serviço (ATS) é um benefício concedido a trabalhadores como forma de reconhecimento pela sua dedicação e permanência em uma organização ao longo dos anos. Embora seja uma prática comum em

Direito Trabalhista e Previdenciário

Como Funciona o Aumento de Salário Por Tempo de Serviço?

O aumento de salário por tempo de serviço, também conhecido como Adicional por Tempo de Serviço (ATS), é um benefício concedido aos trabalhadores como forma de reconhecimento pela sua dedicação e permanência em uma empresa

Direito Trabalhista e Previdenciário

Lista de Profissões Que Têm Direito a Insalubridade

A insalubridade é um tema de grande relevância no âmbito do Direito do Trabalho brasileiro. Muitos trabalhadores exercem suas atividades em condições que podem prejudicar sua saúde a médio e longo prazo, expondo-se a agentes

Direito Trabalhista e Previdenciário

Quem Tem Direito a 40% de Insalubridade?

O adicional de insalubridade é um direito trabalhista fundamental, assegurado pela Constituição Federal e regulamentado pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Este benefício visa compensar os trabalhadores expostos a condições nocivas à saúde durante

Direito Trabalhista e Previdenciário

Faxineira Tem Direito a Insalubridade?

A questão do direito ao adicional de insalubridade para faxineiras é um tema complexo e frequentemente debatido no âmbito do Direito do Trabalho brasileiro. Muitos trabalhadores que exercem atividades de limpeza e conservação questionam se

Direito Trabalhista e Previdenciário

Faxineira de Escola Tem Direito a Insalubridade?

O direito ao adicional de insalubridade para faxineiras de escolas é um tema que gera muitas dúvidas e debates no âmbito do Direito do Trabalho. Essa questão é particularmente relevante considerando o papel fundamental que

Direito Trabalhista e Previdenciário

Desvio de Função: Limpeza de Banheiros Deve Gerar Insalubridade

O desvio de função e o direito ao adicional de insalubridade são temas recorrentes na Justiça do Trabalho brasileira, especialmente quando se trata da limpeza de banheiros em ambientes corporativos. Este artigo busca esclarecer as

Direito Trabalhista e Previdenciário

Quem Limpa o Banheiro da Empresa Tem Direito à Insalubridade?

A limpeza de banheiros em ambientes corporativos é uma atividade essencial para manter a higiene e o bem-estar dos funcionários. No entanto, essa tarefa pode expor os trabalhadores a condições insalubres, levantando questões sobre seus

Direito Trabalhista e Previdenciário

Quem Tem Direito a Insalubridade na Área da Saúde?

O adicional de insalubridade é um direito garantido pela Constituição Federal e pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) aos trabalhadores que exercem atividades em condições insalubres, ou seja, que podem causar danos à saúde.

Áreas do Blog

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

whatsapp advogado online
Foto do Advogado
Leandro Lima - Ls Advogados
Online
Foto do Advogado
Olá! Tudo bem? Meu nome é Leandro Lima. Sou advogado aqui na Ls Advogados.

Mande pra gente uma mensagem explicando seu problema ou dúvida e vou analisar qual dos nossos advogados é o especialista na área.

Vamos te chamar no WhatsApp para conversarmos melhor!

Até lá! 👋👨‍⚖️🙏
0 caracteres
Enviando, aguarde!


Problemas com o preenchimento?! Revise suas respostas e fique atento:
01) Todos os campos devem estar preenchidos;
02) Digite seu telefone com o DDD sem o zero do começo e sem símbolos ou traços;
03) Emails válidos possuem "@" seguido de um domínio (ex: "fulano@gmail.com");
04) Alguns usuários relatam que o navegador Microsoft Edge não envia corretamente. Se estiver no PC, prefira Firefox ou Chrome.
Ls Advogados – CNPJ: 42.967.996/0001-59 – OAB/SP 39124 · Pioneiros no Atendimento 100% Digital em Todo o Território Nacional · Saiba Mais Sobre Nós