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A Empresa Me Mandou Embora Grávida. O Que Fazer?

Você acabou de descobrir que está grávida e, para sua surpresa, recebeu a notícia de que foi demitida. Ou talvez já soubesse da gravidez, mas a empresa decidiu encerrar seu contrato de trabalho mesmo assim.

Em ambos os casos, você provavelmente está se perguntando: “E agora, o que faço?”. Não se preocupe, você tem direitos e opções. Vamos explorar juntos essa situação delicada e entender quais são seus próximos passos.

A primeira coisa que você precisa saber é que, como gestante, você tem direito à estabilidade no emprego. Isso significa que, por lei, você não pode ser demitida sem justa causa desde o momento da concepção até cinco meses após o parto.

Este direito está garantido pela Constituição Federal, em seu artigo 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT):

“Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:
II – fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.”

Esta proteção visa garantir não apenas o seu emprego, mas também a saúde e o bem-estar do seu bebê, assegurando condições financeiras mínimas durante esse período crucial.

O que diz a lei sobre a demissão de grávidas?

A legislação brasileira é clara: a demissão de uma empregada grávida sem justa causa é considerada nula. Isso significa que, legalmente, é como se a demissão nunca tivesse acontecido.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) reforça essa proteção em seu artigo 391-A:

“Art. 391-A. A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.”

Portanto, se você foi demitida estando grávida, mesmo que ainda não soubesse da gravidez no momento da demissão, você tem o direito de contestar essa decisão e buscar seus direitos.

Conhecimento da gravidez: o que importa?

Uma dúvida comum é se faz diferença o fato de você ou a empresa saberem ou não da gravidez no momento da demissão. A resposta é clara: não importa.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já pacificou esse entendimento no Tema 497 da Repercussão Geral:

“A incidência da estabilidade prevista no art. 10, inc. II, do ADCT, somente exige a anterioridade da gravidez à dispensa sem justa causa.”

Isso significa que o único fator relevante é se a concepção ocorreu antes da demissão. Não importa se você ou seu empregador tinham conhecimento da gravidez. Seus direitos estão garantidos desde o momento da concepção.

Suas opções: reintegração ou indenização?

Ao descobrir que foi demitida durante a gestação, você tem duas opções principais: solicitar a reintegração ao emprego ou buscar uma indenização. É importante saber que a escolha é sua.

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) tem um entendimento pacífico sobre essa questão. É pacífico no TST que a gestante pode escolher se quer ser reintegrada ao emprego ou indenizada. Isso significa que você não perde o direito à indenização se optar por não retornar ao trabalho.

Vamos analisar cada opção:

Reintegração:

  • Você retorna ao seu cargo anterior
  • Mantém todos os direitos e benefícios
  • Recebe os salários do período em que esteve afastada

Indenização:

  • Você não retorna ao emprego
  • Recebe uma indenização correspondente aos salários e direitos do período de estabilidade
  • Evita possíveis constrangimentos ou ambiente de trabalho hostil

O Que Escolher?

A escolha entre reintegração e indenização é pessoal e deve levar em conta diversos fatores, como seu relacionamento com a empresa, suas perspectivas profissionais e seu bem-estar emocional.

A importância de buscar orientação especializada

Se você foi demitida grávida mas não quer voltar ao emprego, é fundamental buscar orientação especializada antes de tomar qualquer decisão ou entrar em contato com a empresa. Um advogado especializado em direito trabalhista e direitos das gestantes pode fazer toda a diferença no desfecho do seu caso.

Com um advogado especialista, a demissão gestante pode ter solução jurídica mais favorável para você. Isso porque:

  1. Ele conhece detalhadamente seus direitos
  2. Pode avaliar a melhor estratégia para seu caso específico
  3. Sabe como negociar com a empresa de forma eficaz
  4. Pode evitar que você cometa erros que prejudiquem seus direitos

Lembre-se: dependendo de como a conversa com a empresa ocorrer, você pode inadvertidamente abrir mão de direitos ou prejudicar sua posição. Por isso, é crucial buscar orientação antes de qualquer contato ou negociação.

Calculando sua possível indenização

Se você optar pela indenização, é importante entender como ela é calculada. Vamos ver um exemplo hipotético:

Maria foi demitida no 2º mês de gestação, com salário de R$ 3.000,00.

Tabela de cálculo:

ItemValorCálculo
Salários até o parto (7 meses)R$ 21.000,00R$ 3.000 x 7 meses
Salários pós-parto (5 meses)R$ 15.000,00R$ 3.000 x 5 meses
13º proporcionalR$ 3.000,00R$ 3.000 / 12 x 12 meses
Férias proporcionais + 1/3R$ 4.000,00(R$ 3.000 + R$ 1.000) / 12 x 12
FGTS (8% sobre o total)R$ 3.440,008% sobre R$ 43.000
Multa de 40% sobre o FGTSR$ 1.376,0040% de R$ 3.440
Total da IndenizaçãoR$ 47.816,00

Este é apenas um exemplo simplificado. Cada caso é único e pode incluir outros elementos, como adicionais, comissões ou benefícios específicos. Um advogado especializado poderá fazer um cálculo preciso baseado na sua situação particular.

Dicas práticas para lidar com a situação

Enfrentar uma demissão durante a gravidez pode ser estressante. Aqui estão algumas dicas para ajudar você a lidar com a situação:

  1. Mantenha a calma: Estresse excessivo não é bom para você nem para o bebê.
  2. Documente tudo: Guarde todos os documentos relacionados à sua demissão e gravidez.
  3. Não assine nada sem orientação: Evite assinar documentos ou acordos sem consultar um advogado.
  4. Cuide da sua saúde: Continue com seu acompanhamento pré-natal regularmente.
  5. Conheça seus direitos: Informe-se sobre a legislação e seus direitos como gestante.
  6. Busque apoio: Converse com familiares e amigos sobre a situação.
  7. Considere suas opções de carreira: Use este tempo para refletir sobre seus objetivos profissionais.
  8. Prepare-se financeiramente: Faça um planejamento financeiro para o período de estabilidade.
  9. Seus direitos além da estabilidade

Além da estabilidade, as gestantes têm outros direitos importantes no ambiente de trabalho. Inovações como a lei do acompanhamento de gestantes, por exemplo, garantem proteções adicionais. Alguns desses direitos incluem:

  • Mudança de função, se necessário, para proteger a saúde da gestante e do bebê (CLT, art. 392, § 4º, I)
  • Dispensa do horário de trabalho para realizar, no mínimo, seis consultas médicas e exames complementares (CLT, art. 392, § 4º, II)
  • Direito a intervalo de 15 minutos antes de iniciar jornada extraordinária (CLT, art. 384)
  • Licença-maternidade de 120 dias, que pode ser estendida para 180 dias em alguns casos (CF, art. 7º, XVIII e Lei 11.770/2008)

Conhecer esses direitos é fundamental para garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável durante a gestação.

Perguntas frequentes

Para ajudar a esclarecer algumas dúvidas comuns, aqui estão respostas para perguntas frequentes:

Posso ser demitida por justa causa estando grávida?
Sim, a estabilidade não protege contra demissão por justa causa. No entanto, os motivos devem ser graves e claramente comprovados.

Se eu pedir demissão, perco meus direitos?
Não. A estabilidade não se aplica em casos de pedido de demissão voluntária desde que o pedido tenha sido assistido pelo sindicato, o que muito raramente acontece na prática.

Quanto tempo tenho para reclamar meus direitos após a demissão?
O prazo prescricional para ações trabalhistas é de dois anos após o término do contrato de trabalho, conforme o art. 11 da CLT.

E se eu engravidar durante o aviso prévio?
Se a concepção ocorreu antes do término do contrato (incluindo o período de aviso prévio), você tem direito à estabilidade.

A empresa pode me demitir logo após o fim da estabilidade?
Legalmente, sim. Porém, é aconselhável buscar orientação jurídica, pois cada caso tem suas particularidades.

    Ser demitida durante a gravidez é uma situação desafiadora, mas é importante lembrar que você tem direitos sólidos garantidos pela legislação brasileira. A estabilidade da gestante é um direito fundamental que visa proteger não apenas você, mas também seu bebê.

    Seja optando pela reintegração ou pela indenização, o mais importante é tomar uma decisão informada. Buscar a orientação de um advogado especializado em direito trabalhista e direitos das gestantes é crucial para garantir que seus interesses sejam protegidos e que você receba tudo a que tem direito.

    Lembre-se: sua saúde e bem-estar, assim como os do seu bebê, devem ser sua prioridade. Use os recursos disponíveis, conheça seus direitos e não hesite em buscar ajuda profissional para navegar por esse momento delicado.

    Com as informações certas e o suporte adequado, você pode transformar esse desafio em uma oportunidade para garantir seus direitos e planejar o próximo capítulo da sua vida pessoal e profissional.

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    Marcel Sanches
    Autor e Revisor
    Advogado na Ls Advogados. Especialista em Direito Privado e Atuação nos Tribunais Superiores.
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